sexta-feira, 20 de julho de 2012

AS MIL CORES DO BRANCO


Delicadas esculturas cristalinas se formam a cada rajada de vento frio junto a chuva fina, que cai sem parar. Cèu e terra se fundem num branco profundo. A rua de ontem tao trivial, quem diria, se torna especial por nela flocos de neve cairem gentilmente.
Grandes obras de arte surgem sobre as arvores, carros e telhados e um novo cenario aparece diante destes olhos tropicais incrèdulos e maravilhados. Estes mesmos olhos deveriam piscar mais devagar para admirar uma estaçao que, assim como o sol, reflete e brilha tudo a sua volta.
Dentro de mim desperta a criança que nao esta nem ai pro frio, que quer guerrinha de neve, boneco de neve, que quer viver a neve! Resgatar a infancia atraves do clima è uma experiencia incrivel principalmente para quem foi criada muito perto da praia, do mar, sol e calor. Enquanto existe um forte coro a minha volta de inumeras reclamaçoes por causa do tempo eu torço o nariz e volto ao meu universo ludico e divertido.
E depois de semanas de entusiasmo e contemplaçao, o frio vem mostrar sua outra faceta. Faz o ser humano se voltar para dentro de si. Assim como os bichos que se retraem  dentro do casco em busca de aconchego e calor, chega a hora de acolher a introspecçao.
Mergulho dentro de mim  e contemplo o silencio de um tempo de portas e frestas fechadas, muita roupa e pouco contato visual. Nao è incomodo, è apenas o silencio do frio, necessario e inevitavel. Aos poucos o frio deixa de ser intenso, a chuva da uma trègua e esculturas descongelam lentamente atè sumir.  A cidade fica limpinha a espera da nova estaçao.
A primavera esta por chegar, linda e colorida. Janelas, flores e sorrisos vao se abrir. Mas enquanto ela nao vem eu me despeço e saboreio o restinho desta estaçao guardando nas minhas melhores lembranças e recordaçoes o bem que a neve me trouxe. A menina agradece e reverencia a magia, o  encantamento e toda a poesia deste tempo bom e inesquecivel.

Italia, Janeiro de 2012.

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