quinta-feira, 27 de setembro de 2012

C'EST LA VIE!


                                                                         Fonte fotográfica:  Google imagens

"A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta, o que ela quer da gente é coragem". O brilhante escritor mineiro Guimarães Rosa assina esta verdade sincera entre tantas pérolas. Que belo resumo da vida!  

Passamos pelos dias nos equilibrando numa corda bamba emocional, pendendo hora pro sim, hora pro não, numa angústia de perdas e ganhos, de choro e riso, altos e baixos, de céu e inferno, num sobe e desce sem fim.

Por mais atordoante que seja, essa instabilidade é o que nos faz seguir adiante. Uma vida morna, neutra e linear, que nada arrisca, seria tediosa, sem graca, sem sal e sem sentido. Impossível valorizar a calmaria sem conhecer a face do caos. Se não há desafios e leões pra domar a cada manhã, também não há conquista, superacão, confiança e nem justificativa para estarmos aqui.

Frio na barriga, palpitação, nó na garganta, suspiros, lagrimas, sustos, taquicardia, gargalhadas e alívio. C'est la vie! Oscilações existenciais nos movimentam. Testam nossa força e limites pra seguirmos em frente e arriscar, ainda que estejamos cercados de incertezas e dúvidas.

Mesmo que o medo exista, a coragem em desafiar a vida é muito maior. Que venham os leões!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

EXCEÇÕES À REGRA


                                    Amin


Os muçulmanos sempre me causaram medo e fascínio. Mais medo, confesso. Ao mesmo tempo que me instigava o mistério dos sete véus, da dança do ventre, das mesquitas, sheiks e suas 1001 noites, me dava calafrios qualquer referência ao universo árabe. Explico. Tinha a impressão que, debaixo daqueles turbantes e túnicas, estava escondido um cinturão de bombas prontas pra detonar o que viesse pela frente a qualquer instante. 
Exageros a parte, convenhamos que não é a toa que esta ideia distorcida permeava meus piores pesadelos. Quantas foram as vezes que vi na TV e li nos jornais sobre os inúmeros atentados terroristas, sobre os ataques a tantos civis inocentes? A face serena de Osama Bin Laden era contraditória as constantes atrocidades e massacres cometidos em nome de Ala. Intrigante aquele homem com cara de bom promover tanto mal.
Ficou gravado no meu subconsciente que, junto as burkas e véus existe radicalismo e violência. Sim, de fato existe. Mas nem por isso é certo tachar toda uma Nação de terrorista. Quando generalizamos, não levamos em conta as muitas exceções que fogem a regra e se diferem do "todo mundo", do "ninguém" ou do "qualquer um". 
E hoje percebo a minha apressada sentenca do que tao pouco conhecia. Foi um marroquino chamado Amin, que desmestificou meus equivocados julgamentos sobre o Oriente Médio. Ele é um jovem trabalhador, com um coração enorme, humilde, pronto pra ajudar a qualquer momento. Sensível e alegre. O oposto dos meus demônios do oriente.
Existem tantos "Amins" por aí a espera de uma oportunidade para  mostrarem que estão fora do balaio em que foram colocados. Nem todos os seguidores do Alcorão são extremistas. E cruzando mares, mais pra cá no ocidente, o mesmo se repete. Nem todo brasileiro é bom de bola, nem todo baiano é preguiçoso, nem todo politico é corrupto, nem todo gaucho é gay, nem toda modelo é burra, nem todo carioca é malandro e nem todo paulista è workaholic. Exemplos temos as pencas que é mais cômodo vulgarizar um grupo a enaltecer as minorias.
É  incoerente colocar num mesmo pacote todo um povo, classe ou categoria, sem ao menos procurar conhecer a fundo, distinguir suas peculiaridades, seus pormenores, sem identificar e reconhecer suas exceções
Amin se mostrou um jovem afetuoso, feliz, apegado a família. Me contou sobre o sentido da purificação do hamadam, os principios árabes e disse que as coisas estao bem mais evoluidas pras bandas de la do que pressupomos.
Nelson Rodrigues ja dizia que "Toda unanimidade é burra".  Concordo com ele e ouso acrescentar que toda generalização é injusta.