terça-feira, 27 de agosto de 2013

ODE A CALABRIA

                                                                      Fonte fotográfica: google imagens

A pimenta queimava os olhos da menina
Que, distraída, tocou no frasco de calabresa e coçou os cílios logo em seguida
A danada a fazia lacrimejar sem parar
Sobre o grau de picanteza só seus olhos podiam falar
Forte, ardida de doer
Lavou-se com água e só fez piorar
Pelo resto do rosto pimenta espalhou
A garganta fechou,a boca inchou e começou a formigar
Soprava fogo pelas ventas, suava de escorrer
Lhe deram leite, pão mas nada parecia adiantar
Vieram então lhe dizer que nada devia temer
Que era pimenta fraquinha, de cheiro, dessas pra esquentar o paladar
Quase uma especiaria que se da junto da papinha de bebê
Foi só um aperitivo do que um peperoncino pode fazer
A menina pensou pra si:" Imagina então se a marvada eu ousar morder?
Da pimenta calabresa  é melhor correr".


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sem Contenção



Das vidas que já vivi
Do pranto, do riso, do gozo e da dor
Fica a poeira que deixei na estrada quando naquela curva virei
Olhando para traz tudo ficou tão longe de mim que nem sei 
Vidas que se distanciaram junto daquilo que um dia fui
Dos livros que li, das músicas que cantei, das viagens que fiz, das pessoas que encontrei
De quem me amou, de quem amei
Sombras de mim se revelam em amareladas fotografias, em vídeos preto e branco
E legitimam um passado pra quem quiser me conhecer
Um registro do que fui, fragmentos do meu ser
Muitas foram as vezes que tirei o pó dos meus porta-retratos,
Tão bem posicionados no aparador das minhas lembranças prediletas
Manoel de Barros já dizia que o tempo só anda de ida
E anda depressa, sem contenção nos trilhos da vida
Sobre os finos que já tirei
Meu corpo fechado há de se abrir pra novos riscos correr
E se preparar pra outras vidas viver