sexta-feira, 20 de julho de 2012

ADEUS AO FENÔMENO


Algumas fichas caíram ao assistir o anúncio de despedida dos campos de Ronaldo Fenômeno. Temos a tendência de começar a valorizar quem deveríamos estar valorizando há muito tempo somente quando estes nos ficam inacessíveis.
Quando esse excelente jogador estava em campo, ativo e produtivo, era exaustivamente cobrado, comparado e também ridicularizado pelo seu peso e condicionamento físico.

Pois foi só o craque anunciar que havia pendurado as chuteiras para que o Brasil e o mundo, como num passe de mágica, substituíssem as alfinetadas venenosas por elogios e exaltações. O jogo virou. Se, no mês passado Ronaldinho era questionado por seu “desempenho medíocre?”, hoje ele é reverenciado por seu legado, por suas jogadas eternizadas, por sua contribuição maciça ao futebol mundial. E porque só agora?

Os súditos, por fim, curvam-se a genialidade deste ícone do esporte, que superou a dor e as adversidades dando um oléééé aos maldosos e incompetentes, sendo triplamente eleito o melhor jogador do mundo!
Foi preciso anunciar a aposentadoria para que começassem as homenagens, quase vistas como póstumas, como um tributo. A importância da obra de mitos como Van Gohg, Janis Joplin, Jimy Hendrix só foi reconhecida quando eles já não estavam mais por aqui para desfrutá-la.

A valorização pós-perda costuma gerar um sentimento de nostalgia, uma vontade de voltar no tempo e dizer tudo o que deveríamos ter dito muito antes de ter perdido a oportunidade de nunca mais poder dizer.

Deveria ser mais comum, mais normal tecer sinceros elogios a quem faz por merecer, assim como parece ser tão banal destilar indelicadezas, fofocas e pitacos a vida alheia.

Talvez neste século não tenhamos um jogador tão brilhante como Ronaldo Nazário. E isto só pode ser percebido hoje, quando ele já não está mais nos campos. “Eu perdi para o meu corpo”, disse ele emocionado. Não Ronaldinho, nós é que perdemos a oportunidade de demonstrar a você o quanto somos gratos, o quanto estamos orgulhosos! E sim, estamos saudosistas hoje!


Florianópolis, 13 de fevereiro de 2011

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