sexta-feira, 27 de setembro de 2013

SOBRE O TEMPO

Este texto é de uma amiga querida e talentosa que escreve lindamente desde sempre!
Carol Lapolli! Obrigada pelo texto profundo e verdadeiro!

"Estou prestes a completar 35 anos. Chegar aos 30 me encheu de orgulho e de expectativas. Mas chegar aos 35, confesso, está sendo mais difícil. 

Não me sinto absolutamente nem um pouco “velha” por ter mais rugas, por ser da época do videocassete, por falar ainda algumas gírias que acho que hoje não se usam mais. Não me preocupo com nada disso.

Mas me assusto ao pensar que tenho, hoje, pouco menos do que a idade que tinham os pais das minhas amigas, quando eu era adolescente. E (puxa) parece que fui adolescente até tão pouco tempo atrás!! Parece que eram tão mais velhos, na época do que eu sou agora! Pronto, um pensamento rápido, que em poucos segundos me traz para minha nova realidade.

Quando você acorda para essa nova realidade, fatos naturais da vida tornam-se verdadeiros dilemas.

As perdas começam a se tornar mais frequentes. Os avós, os tios, os pais dos seus amigos, os seus pais. Por mais que envelhecer seja uma dádiva e seja tão natural quanto nascer, as rugas e os cabelos brancos, as doenças e as despedidas nos tiram o chão.

Dói sentir falta de quem se foi. Dói mais ainda sentir a dor de quem ficou. Você sofre por sentir o sofrimento do outro e sofre por saber que um dia, inevitavelmente, sentirá aquela mesma dor. A dor da ausência, da saudade, da despedida. 

E não há o que fazer. A vida é implacável e o tempo, quanto mais passa, parece que mais jovem fica. Acelera o passo, e nos deixa pra trás, sem fôlego, aos tropeços, tentando alcançá-lo em vão. É tanta coisa pra fazer ainda. Pra dizer, pra viver, que todo o tempo do mundo ainda parece pouco. 

Mas, se por um lado o tempo nos desafia, por outro nos ensina. Aos 20 anos eu não tinha tempo pra pensar em tempo. Vivia insatisfeita com o hoje, pensando no que ia fazer amanhã. Aos 35 anos tenho maturidade pra saber que o tempo não volta e que o agora é sempre o instante em que posso realmente fazer algo. 

Aprendi, com o tempo, que não devo perder tempo com bobagens. Que não adianta correr contra o tempo, pois inevitavelmente ele passará por mim. Aprendi a aproveitar cada segundo como se fosse o último, cada oportunidade como se fosse a única, viver cada momento como se o tempo fosse parar. 

Percebi que quando estou feliz ou fazendo algo que gosto, perco a noção do tempo. Então, não conto mais o tempo pelas horas horas, dias, meses ou anos que se passaram. Conto-o pelos momentos que vivo e pelas experiências que adquiro "

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