sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Beleza de Plástico

                                                                Fonte fotográfica: google imagens

"Às vezes as pessoas são tão bonitas! Não pela aparência física nem pelo que dizem. Só pelo que são." (A Menina que Roubava Livros)


Em tempos de photoshop os exageros beiram o ridículo e desafiam a nossa sensatez. Abrindo bem as retinas, é preciso olhar mais de uma vez pra uma capa de revista pra conseguir identificar alguma semelhança com aquela celebridade que estamos tão acostumados a ver diariamente na TV. Conhecido graças à edição de imagens destinadas principalmente à publicidade e à moda, este software tem sido usado indiscriminadamente e tem gerado polêmica quanto ao limite entre a realidade e a ilusão.

A princípio, tal programa tem como característica primordial acertar detalhes na correção e ajuste de pequenas imperfeições fotográficas . Em tese, porque o que se vê hoje em dia é o abuso sem freio e sem a menor cautela  na hora de enxugar medidas, aparar as sobras e dobras a ponto de tornar irreconhecível quem nem precisa de retoques.

Modelos e atrizes costumam ser o alvo mais comum ao terem cintura, pernas e braços "photoshopados".  Nada passa despercebido! Rugas de expressão somem num passe de mágica, a pele do rosto e do corpo ganha uma versão aveludada e uniforme cobrindo desde poros abertos, cravos, manchas de nascença a pintas e sardas de sol. Dentes amarelados sofrem branqueamento express , celulites e estrias desaparecem junto daquilo que não está de acordo com este mundo em que tudo é remodelado, mexido  e se necessário completamente refeito. Quem precisa pensar em cirurgia plástica, ginástica ou dieta com este amigão virtual? Parece até provocação com a boneca Barbie, que se tornou um artigo obsoleto e ultrapassado se comparada à estes exemplares sintéticos.

Radicalismos a parte, o photoshop usado com moderação, é uma ferramenta super válida para corrigir a ausência ou excesso de luz em uma foto por exemplo, ou disfarçar uma espinha que resolveu surgir na ponta do nariz na hora de imortalizar um momento.  Mas o que se vê com frequência seja nos ensaios de nú artístico, outdoors ou catálogos de moda  é o uso desmedido destes recursos que sugerem um padrão de beleza interplanetário.

Será que a maioria da população consumidora consegue perceber que está sendo enganada com imagens manipuladas produzidas por computador? Não faz muito tempo em que mulheres como Maité Porença, Luma de Oliveira, Monique Evans e tantas outras musas eram cultuadas por exibirem uma beleza "água e sabão". Acredite ou não mas o que se via nas fotos era exatamente o que se podia constatar pessoalmente. Fascinavam justamente pela verdade estética e pela beleza natural que se tornava ainda mais desejada por ser acessível.

Em tempos de artificialidade em série, o que se observa estampado por aí é tudo, menos a realidade, que passou a ser inapropriada. A questão a se pensar é: será que o que desejamos é a ilusão e a ideia é mesmo esta de consumir o pacote  da perfeição? Se for isto estamos no caminho certo. Um mundo se abre com infinitas possibilidades de criar figuras indefectíveis que povoam nosso imaginário junto com os duendes,  gnomos e fadas.  A beleza de plástico é comercial, lucrativa e vende muito mais, mesmo que seja inventada.

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